Após um primeiro trimestre marcado de poucas chuvas e perdas nas lavouras, municípios da Zona Sul começaram abril dividindo esforços com o governo do Estado para mitigar os efeitos da escassez de água. Diante dos prognósticos de recuo da estiagem, o trabalho visa salvar ao menos parte da produção rural.

Segundo o supervisor regional da Emater em Pelotas, Edgar Norenberg, a região sul chegou a amargar 34.713 propriedades rurais atingidas pela estiagem. Frente a essa seca, os índices de perda foram de de 32,8% no milho, 24,6% na soja e 24,6% no tabaco, algumas das principais culturas locais.

Embora não mude a realidade de prejuízos já estabelecidos na agropecuária, recentemente a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seadpr) anunciou ações do programa Avançar visando ao menos mitigar os efeitos da falta de chuvas e evitar novas perdas futuras. O investimento prometido, R$ 275 milhões, deverá ser aplicado em irrigação e combate à estiagem no campo.

Das medidas anunciadas, R$ 114,8 milhões foram destinados à abertura de 479 poços artesianos e 500 cisternas e R$ 66,2 milhões aos convênios para abertura de microaçudes. De acordo com a assessoria da Seadpr, serão 12 microaçudes por município.

Trabalho iniciado

Em Canguçu, cidade com maior número de propriedades rurais na região, a prefeitura começou a abertura de poços artesianos e continua com o fornecimento diário de água aos produtores através de quatro caminhões-pipa, sendo três da prefeitura e um terceirizado. Além disso, segundo o prefeito Vinicius Pegoraro (MDB), o município, que já havia decretado situação de emergência devido à estiagem, enviou à Seapdr a documentação para que possa receber recursos do Avançar voltados à abertura de mais poços e microaçudes.

A expectativa para o próximo trimestre, ainda de acordo com Pegoraro, é de que o clima favoreça a colheita das lavouras e que as novas ações mitigatórias melhorem a vida dos produtores rurais.

Previsão de mais chuvas

A Emater indica esperar uma melhora nos volumes de precipitação para o segundo trimestre de 2022 em quase todo o Estado. A exceção é a região nordeste. De acordo com as projeções, abril e maio prometem, respectivamente, chuvas um pouco abaixo e próximas da média, enquanto junho deverá ter chuvas irregulares.

Para o meteorologista da Sigma, Fernando Rafael, a estiagem deve seguir com déficit acumulado, com abril seguindo com chuvas abaixo da média e mais frio. Para o mês de maio são previstas chuvas próximas à média esperada para o período e junho marcar o retorno de maiores volumes de chuva, entre 150 e 170 milímetros, além de calor, marcando um início de inverno quente. “Para regularizar o déficit acumulado precisaríamos de cerca de dois meses com bons índices de chuva”, avalia.